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quinta-feira, outubro 31, 2002
 
Variações sobre o mesmo tema (2)

Até o Fim

Chico Buarque

Quando eu nasci veio um anjo safado, um chato dum querubim
E decretou que eu estava predestinado a ser errado assim
Já de saída a minha estrada entortou, mas vou até o fim
'Inda garoto deixei de ir à escola, cassaram meu boletim
Não sou ladrão, eu não sou bom de bola, nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou, mas vou até o fim
Eu bem que tenho ensaiado um progresso, virei cantor de festim
Mamãe contou que eu faço um bruto sucesso em Quixeramobim
Não sei como o maracatu começou , mas vou até o fim
Por contas de umas questões paralelas quebraram meu bandolim
Não querem mais ouvir as minhas mazelas e a minha voz chinfrim
Criei barriga, minha mula empacou, mas vou até o fim
Não tem cigarro, acabou minha renda, deu praga no meu capim
Minha mulher fugiu com o dono da venda, e o que será de mim?
Eu já nem lembro prá onde mesmo que vou, mas vou até o fim
Como eu já disse, era um anjo safado, um chato dum querubim
Que decretou que eu estava predestinado a ser todo ruim
Já de saída minha estrada entortou, mas vou até o fim



 
Variações sobre o mesmo tema (1)

Let's Play That

Torquato Neto

quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião

eis que esse anjo me disse
apertando minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let's play that



 
"Quando me acontecer alguma pecúnia, passante de um milhão de cruzeiros, compro uma ilha; não muito longe do litoral, que o litoral faz falta; nem tão perto, também, que de lá possa eu aspirar a fumaça e a graxa do porto. Minha ilha ( e só de a imaginar já me considero seu habitante) ficará no justo ponto de latitude e longitude, que, pondo-me a coberto de ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los diuturnamente. Porque esta é a ciência e, direi, arte do bem-viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização.

De há muito sonho esta ilha, s e é que não a sonhei sempre. Se é que não a sonhamos sempre, inclusive os mais agudos participantes. Objetais-me: “Como podemos amar as ilhas, se buscamos o centro mesmo da ação?” Engajados, vosso engajamento é a vossa ilha, dissimulada e transportável. Por onde fordes, ela irá convosco. Significa evasão daquilo para que toda alma necessariamente tende, ou seja, a gratuidade dos gestos naturais, o cultivo das formas espontâneas, o gosto de ser um com os bichos, as espécies vegetais, os fenômenos atmosféricos. Substitui, sem anular. Que miragens vê o iluminado no fundo de sua iluminação? ... Supõe-se político e é um visionário. Abomina o espírito de fantasia, sendo dos que mais o possuem. Nessa ilha tão irreal, ao cabo, como as da literatura, ele constrói a sua cidade de ouro, e nela reside por efeito da imaginação, administra-a, e até mesmo a tiraniza. Seu mito vale o da liberdade nas ilhas. E, contendor do mundo burguês, que outra coisa faz senão aplicar a técnica do sonho, com que os sensíveis dentre os burgueses se acomodam à realidade, elidindo-a"?

Carlos Drummond de Andrade, "Divagações sobre as ilhas", em "Poesia e prosa", Rio de Janeiro, 1983.


 
Sobre estudantes que o procuravam para entrevistas:

"Garotos de colégio de lápis em punho
Com professores na retaguarda
comandando
Cacem o urso polar
Tragam-no vivo para fazer uma
conferência".


 
Trecho (3)

"Também não dava a mínima importância à posteridade nem à glória literária, e nem via vantagem em ser pessoa especialmente conhecida. "Seria útil, sim", observou, "se eu entrasse num banco e o gerente dissesse: eu conheço o senhor, pode pedir o empréstimo que eu dou sem pedir fiador. Mas isso não acontece." E para terminar com qualquer conversa mais íntima, resumiu em algumas palavras e poucas entrevistas, já passado dos 70 anos: 'Cheguei a uma idade tal que para mim poucas coisas têm importância. Eu não me vejo. Não tenho opinião a meu respeito. Nunca entendi bem o mundo, que acho um teatro de injustiças e ferocidades extraordinárias. Não faço propaganda de mim mesmo. Passei a vida sem maiores dificuldades, mas também sem glórias. Foi uma vida medíocre. Nunca pretendi ser rico, poderoso ou mesmo feliz. E não levaria nenhum livro meu para uma ilha deserta' ".


 
Trecho (2):

"...segundo suas próprias palavras, era incapaz de atravessar uma sala cheia de gente. O temível crítico José Guilherme Merquior, vestido de gala, tremeu até o último de seus admirados neurônios quando foi escalado para saudar o poeta numa comemoração dos seus setenta anos na Biblioteca Nacional. "Ele simplesmente não vai aparecer, e será constrangedor", acreditou o autor de um livro sobre o homenageado, Verso e Reverso em Drummond.

Drummond apareceu e discursou, mas Merquior tinha motivos para temer. Já era amplamente conhecida sua crônica Divagações Sobre as Ilhas, onde o autor se imagina dono de uma ilha que 'fique no justo ponto de latitude e longitude que, pondo-me a coberto dos ventos, sereias e pestes, nem me afaste demasiado dos homens nem me obrigue a praticá-los a diuturnamente. Porque esta é a ciência, a arte do bom viver; uma fuga relativa, e uma não muito estouvada confraternização' ".


 
Trecho (1):

"Eu era o menos informado, o mais inculto dos rapazes e ao mesmo tempo o mais audacioso e o mais assanhado, gostava muito de aparecer", lembrou Drummond. "E passei a me aplicar ao verso livre porque não sabia o que era verso metrificado."


 
Há 100 anos nascia Carlos Drummond de Andrade. Ontem o jornal O Estado de S. Paulo publicou um belo caderno especial sobre o poeta, que ganhou uma versão online no portal do Estadão. Lá, além de ser possível ler ótimos textos de Geraldo Mayrink, que já estavam no jornal de ontem, também se encontra entrevista com Drummond, e podem ser vistas fotos, auto-caricaturas, imagens de sua certidão de nascimento e da máquina de escrever com a qual trabalhava em casa, entre outras coisas. Formidável.


 
Estrambote Melancólico

Carlos Drummond de Andrade

Tenho saudade de mim mesmo,
saudade sob aparência de remorso,
de tanto que não fui, a sós, a esmo,
e de minha alta ausência em meu redor.
Tenho horror, tenho pena de mim mesmo
e tenho muitos outros sentimentos
violentos. Mas se esquivam no inventário,
e meu amor é triste como é vário,
e sendo vário é um só. Tenho carinho
por toda perda minha na corrente
que de mortos a vivos me carreia
e a mortos restitui o que era deles
mas em mim se guardava. A estrela-d'alva
penetra longamente seu espinho

(e cinco espinhos são) na minha mão.



 
Poema de sete faces

Carlos Drummond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.







 
Chega de Enetation.


quarta-feira, outubro 30, 2002
 
Sound + Vision

Words and music by David Bowie.

Don't you wonder sometimes
'Bout sound and vision

Blue, blue, electric blue
That's the colour of my room
Where I will live
Blue, blue

Pale blinds drawn all day
Nothing to do, nothing to say
Blue, blue

I will sit right down, waiting for the gift of sound and vision
And I will sing, waiting for the gift of sound and vision
Drifting into my solitude, over my head

Don't you wonder sometimes
'Bout sound and vision



 
Artur Xexéo manda muito bem (apesar da citação a um certo compositor decadente aí); inclusive em relação à frase já clássica do presidente Da Silva (acho que ele foi o primeiro a chamar a atenção pra isso), "um presidente do Brasil com cara de brasileiro", que nem eu.


Bloco de sujos elege seu folião mais bonito

Há muitas características inéditas na vitória de Lula para o cargo de presidente da República. É o primeiro líder de esquerda que chega ao poder no Brasil. É o primeiro operário na Presidência. É o primeiro presidente que não tem diploma de curso superior. Mas confesso que de todo o ineditismo que cercou esta eleição o que mais me surpreendeu foi a festa que se seguiu à divulgação do resultado oficial.

Há quem possa dizer que, se Lula foi eleito pela maioria dos eleitores, é muito natural que esta maioria comemore. Mas não é assim. A primeira eleição para presidente do Brasil, desde que cheguei nesta terra, foi a de Juscelino Kubitschek. Não me lembro dela. Também não me lembro da de Jânio Quadros. Depois, foram 20 anos de ditadura. A eleição de Tancredo Neves foi indireta. Resumo da ópera: eleição direta para presidente, desde que me entendo por gente, foi a partir da de Fernando Collor (toc toc toc). E não me lembro de nenhuma comemoração.

A maioria escolheu Collor (toc, toc, toc) e não comemorou. A maioria escolheu Fernando Henrique duas vezes e não comemorou. A maioria esperou a eleição de Lula para comemorar. Foi um carnaval fora de época em que a música preferida dos foliões era o Hino Nacional. Não dá para se comparar com movimentos como o das Diretas Já ou o do Fora Collor (toc toc toc) em que o povo foi em massa para as ruas. Era diferente. No domingo à noite, ninguém tinha nenhuma reivindicação a fazer. Ninguém queria provar que o povo unido jamais será vencido. A intenção era só festejar. E isso nunca aconteceu antes.

Houve uma época em que o simples ato de votar já pedia comemorações. Ir às urnas era uma festa. Mas o resultado das urnas era encarado com esperança ou ceticismo, mas sem alegria. Com o tempo, o eleitor se acostumou e essa festa acabou. Ela voltou agora para celebrar a vitória de Lula. Por quê?

Lula é, sem dúvida, o presidente do Brasil mais parecido com a massa que elege presidentes no Brasil. Nunca a maioria se identificou tanto com o eleito. Lula não fala bem português, erra concordâncias — verbais e nominais — tem problemas de dicção, parece que está sempre pouco à vontade dentro do terno e gravata. Enfim, é um presidente do Brasil com cara de brasileiro.

A impressão que se tem é de que a maioria se cansou de eleger os elegantes, os bem vestidos, os que falam bem e apostou suas últimas fichas no líder do bloco de sujos. Com sua vitória, a maioria se emocionou. Vem cá, se até o presidente Fernando Henrique, o mais elegante, o mais bem vestido, o mais poliglota dos brasileiros, ficou emocionado, imagine o resto da população.

A festa de domingo à noite foi a festa da identificação. Se Narciso acha feio o que não é espelho, o povo brasileiro, que está sempre enamorado de si mesmo, foi para as ruas celebrar a vitória do mais bonito dos brasileiros. O bloco dos sujos, desta vez, escolheu um de seus pares.

***
A melhor frase de Lula, dita ainda no seu pronunciamento de domingo na Avenida Paulista, referia-se ao tom que a atriz Regina Duarte trouxe para a campanha eleitoral: “A esperança venceu o medo.” Pena que, na verdade, tenha sido criada pelo publicitário Duda Mendonça. E mais pena ainda que Duda não tenha esperado Lula lançá-la na festa em São Paulo. Horas antes, em Salvador, Duda já usava uma camiseta com os dizeres e repetia o slogan para qualquer televisão que o entrevistasse.



 
Choveu. A temperatura caiu um pouco. A cidade ficou menos feia. Funciono de maneira um pouco menos pior, parece. Tudo parece mais suportável. Por enquanto.


 
repeat repeat repeat

Actually it's darkness

You thought the fire could protect you from it
But why have you been so, why have you been ill informed?
I felt that fire could protect me from everything
You’re just too gullible

Actually it’s darkness, I don’t know what I’m scared of
It’s darkness, I must be scared of something
You must be scared of something, quite quite special

You shed a shade of shyness
You shed a shade of shyness
You shed a shade of shyness
Why can’t you be more cynical?

I knew the winter could protect me from it
One box if film won’t make it all go cold
I thought that winter could hide me from everything
I’m just too gullible, for words

Actually it’s darkness, I don’t know what I’m scared of
It’s darkness, I must be scared of something
You must be scared of something, quite quite special

You shed a shade of shyness
You shed a shade of shyness
You shed a shade of shyness
Why can’t you be more cynical?

I don’t look the same in the photograph
I need to look the way I did in the photograph
By mentioning places it will all become clear
If we speak the same language, you’re a deeper darker reason...

You shed a shade of shyness
You shed a shade of shyness
You shed a shade of shyness
Why can’t you be more cynical?



Words by Roddy Woomble. Music by Idlewild.
Published by Deceptive Music ltd. / EMI Music Publishing Ltd.


 
Touro

de 21/04 a 20/05
Regente: Vênus

Fase favorável para o progresso em todas as áreas, mas somente mediante muita disciplina. Os nativos deste signo têm uma certa tendência a autocomplacência, e às vezes têm muita dificuldade de se adaptar a mudanças necessárias. Está na hora de você reforçar o aprendizado destas coisas.


?


 
"perplexo (cs). [Do lat. perplexu, 'emaranhado' e, daí, 'indeciso'.] Adj. 1. Indeciso, duvidoso, hesitante, irresoluto: "As suas cartas desta época mostram Antero em grande incerteza sobre os caminhos que se lhe abriam na vida, perplexo, hesitante, numa 'eterna flutuação'" (José Bruno Carneiro, Antero de Quental, I, p. 232) 2. Espantado, admirado, atônito: Ficou perplexo com a notícia do suicídio do amigo".
Fonte: Aurélio



 
"Como não estar perplexo? Eu não sei o que me faz perplexo: simplesmente estou. Você tem claras todas as coisas? Estamos perplexos: as pessoas acreditam que há claridade em algum lugar e estão equivocadas". Francis Bacon (1909-1992), em entrevista ao El País, reproduzida pela Folha de S. Paulo em 03.05.1992.


 
"Life Sentence"

Dead Kennedys

You used to be a partner in crime
Now you say you ain't got the time

Gotta get serious, gotta plan
Gotta pass those entrance exams
Oh my God
It's senior year
All you care about is your career

[Chorus]
It's a Life Sentence
It's a Life Sentence
It's a Life Sentence
It's a Life Sentence

You're squelching your emotions
All you talk about is old times
You don't do what you want to
But you do the same thing everyday

No sense of humor
But such good manners
Now you're an adult
You're boring

[Chorus]

The walls are closing in
You stayed too long in school
I'd rather stay a child
And keep my self-respect
If being an adult
Means being like you

Are you really you you you
You you you you you you
Are you really you?
No

You're a chained-up dog fenced in a yard
Don't see much, you can't go far
Pace and froth, you're getting sick
Run too fast and it'll snap your neck

You say you'll break out
But you never do
You're just another ant in the hill
That's your Life Sentence


 
Back to life sentence.


segunda-feira, outubro 28, 2002
 
Falando em ABL, eu nunca li nada da Laurita Mourão mas, considerando a entrevista publicada hoje na Folha de S. Paulo, se pudesse, votaria nela para ocupar a cadeira número 12. Um trecho de sua mais recente obra:

"Tomei um banho, vesti meu uniforme de campanha, tomei café com Maria. Mandei vir o carro e tive que esperar porque as mulheres, por excelentes que sejam, não deixam de ter pacotes e maletas para fazer. É incrível pensar num Napoleão esperando sua Josefina preparar a "nécessaire" para acompanhar o comandante-em-chefe numa batalha campal."
LAURITA MOURÃO,
em "O General dos Pijamas Vermelhos"


 
VOLTAIRE DE SOUZA

Morte aos insetos

Os insetos infernizam a população brasileira.
Nayana não conseguia dormir.
- Baratas. Tenho muito medo.
O marido, ao lado, roncava.
- Não enche. Papo de mulher.
Nayana suspirou.
- Como você é grosso, Jurandir.
Há tempos ela andava cheia do marido. Tipo insensível.
Raiva e medo se misturavam em sua alma quando Nayana pegou o inseticida.
Nuvens de fumaça tóxica tomaram conta do local. Os olhos de Nayana lacrimejavam de alergia e desespero.
- Mais uma latinha. Vamos de veneno.
No meio da fumaça, Nayana julgou ver o rosto do presidente Bush.
- Yes. Death. Bomb now.
Foi sua última visão antes de acordar no hospital dois dias depois. Intoxicação grave. Garganta fechada. Jurandir também foi atingido.
Tem sérias dificuldades para roncar agora.
Podemos temer as baratas. Mas o maior perigo é o ódio em nosso coração.



 


Esse papo me deu saudades do Notícias Populares. Aquilo sim era jornal popular; aliás acho que foi o último. As manchetes eram fenomenais; as fotografias, acachapantes. A linguagem, bem-humorada, direta, simples. No meu trabalho, entre outras coisas, eu faço perguntas. E tenho que fazer perguntas, sobre os mais variados assuntos, que sejam compreendidas por qualquer pessoa, inclusive aquele velhinho que mora lá em Quixeramobim. Quando eu tinha que perguntar alguma coisa sobre assuntos, digamos, mais complexos, relacionados à economia, por exemplo, eu corria pro NP pra saber como eles tratavam da alta do dólar, do último plano econômico, etc.... Devia ser muito divertido trabalhar lá... Mas o mais legal no NP (depois da coluna sobre sexo da Rosely Sayão) era a coluna do Voltaire de Souza, um escritor fabuloso. Felizmente ele hoje tem uma coluna no Agora São Paulo. E, inclusive, recentemente, escreveu um texto para a Revista da Folha. A identidade verdadeira dele é um mistério. Mas, seja quem for, ele é MUITO melhor do que muita gente que enche as páginas de jornais e revistas por aí. Empolgado com a sugestão do Psychofreud acho que devia ser lançada uma campanha: Voltaire de Souza para a ABL!


 

Which Radiohead song are you?

brought to you by Quizilla

You are "The Bends" from... The Bends album. You have conflicting attitudes about life. Sometimes you sit and wait for life to come to you, but you sure do like to talk about it a lot. Stop dreaming and start doing, you slacker!


 
Mudando de assunto...



 
Durante o almoço, perto de mim, duas senhoras falavam sobre a eleição. Uma delas soltou algo como:
-Que bom que o Alckmin foi reeleito, não é mesmo? Um homem tão educado, tão fino...
A seguir, comentários escrotos sobre o fato de José Genoino ser nordestino.
Que nojo.


 
Quem diria, eu já apertei a mão do presidente. Foi há muito tempo atrás, quando eu era jovem e, digamos, idealista. Estava em um evento com amigos e fomos apresentados a ele. Nos cumprimentou alegremente, apertou nossas mãos com firmeza, olhando nos olhos, e disse, enfático:
-Seus filhos da puta, vocês sabem a responsabilidade que vocês têm?
Imagino que ele se referia à nossa responsabilidade em relação ao país, pelo fato de sermos jovens, sei lá. Sei que ele foi espontâneo, direto, verdadeiro. Gente como nós, naquele bairro periférico horrendo, mas com esperança em uma vida diferente.
E eu, que já não tenho esperança em mais quase nada, ontem, tive que admitir: a esperança venceu o medo.
*
Piegas?
Quem se importa?
Eu não.




domingo, outubro 27, 2002
 
London Orbital, by Ian Sinclair.

"It is the disconnection between our apprehension of London and its actual topography that Sinclair writes about. (As Will Self puts it: Londoners don't live in London, they live in the tube map of London)".


 
Falando em "Crash"... desnecessário dizer qualquer coisa. Ballard resumiu tudo em uma entrevista à spikemagazine:

"Basically the message is 'So you think violence is sexy? OK, this is where you’re going.' "



 
A propósito...

"...sinto que o equilíbrio entre ficção e realidade mudou de maneira significativa nas últimas décadas. Mais e mais seus papéis vêm sendo invertidos. Vivemos num mundo dominado por ficções de todos os tipos - merchandising de massa, propaganda, política conduzida como um ramo da propaganda, a prevenção de reações inéditas por causa da tela da televisão. Vivemos dentro de uma imensa novela. É agora cada vez menos necessário que o escritor invente o conteúdo fictício de sua novela. A ficção já existe. A tarefa do escritor é inventar a realidade". J.G. Ballard, Introdução a Crash, 1995 - tradução de Pinheiro de Lemos.


 
Eugênio Bucci, como sempre, manda bem:

A propaganda eleitoral ficará

"Dizem que a publicidade despolitiza a política, o que é verdadeiro. Despolitiza a campanha eleitoral e também o ato de governar. A administração pública e o próprio poder deixam de pertencer ao campo da cidadania, em que predominam conceitos como o de legitimidade, e passam a pertencer ao campo do mercado, onde predominam conceitos como o de popularidade. Um presidente já não se mede pela legitimidade dos seus atos, mas pela popularidade de sua imagem, como um astro de rock ou uma marca de sabão. Política de mercado é isso aí. Aliás, marketing político significa exatamente isso, política de mercado.
A propaganda eleitoral vem substituir a ideologia. Vai ficar aí por uns tempos".


 
A História acontecendo.



sábado, outubro 26, 2002
 
Altíssima ansiedade.


 
Ian MacKaye about Straight Edge:

"It was about my personal decision to not drink or take drugs. I still don't. One of the biggest reasons why I didn't get with drugs is because I'm a huge Jimi Hendrix fan. Not only did that poor fellow curl up and die on drugs, but I kept meeting people who'd seen Hendrix. And I was always like, 'What was he like?' And, without fail, they'd said they couldn't remember 'cos they were too stoned. I decided that I didn't wanna forget the things I do in my life."



 
Odeio pop ups!
Realistic Internet Simulator
Achado em Cris Camargo ("Beware of people who dislike cats", yeah!!!), que, por sua vez, descobriu a URL ao ler a newsletter do excelente b3ta.com



sexta-feira, outubro 25, 2002
 
I Know It´s Over

Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
And as I climb into an empty bed
Oh well. Enough said.
I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Oh ...
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
See, the sea wants to take me
The knife wants to slit me
Do you think you can help me ?
Sad veiled bride, please be happy
Handsome groom, give her room
Loud, loutish lover, treat her kindly
(Though she needs you
More than she loves you)
And I know it's over - still I cling
I don't know where else I can go
Over and over and over and over
Over and over, la ...
I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real
And you even spoke to me, and said :
"If you're so funny
Then why are you on your own tonight ?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight ?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight ?
If you're so very good-looking
Why do you sleep alone tonight ?
I know ...
'Cause tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they're in each other's arms..."
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes strength to be gentle and kind
Over, over, over, over
It's so easy to laugh
It's so easy to hate
It takes guts to be gentle and kind
Over, over
Love is Natural and Real
But not for you, my love
Not tonight, my love
Love is Natural and Real
But not for such as you and I, my love
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my ...
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can even feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head
Oh Mother, I can feel the soil falling over my ...

Words by Morrissey


 
Cemetry Gates

A dreaded sunny day
So I meet you at the cemetry gates
Keats and Yeats are on your side
A dreaded sunny day
So I meet you at the cemetry gates
Keats and Yeats are on your side
While Wilde is on mine

So we go inside and we gravely read the stones
All those people, all those lives
Where are they now ?
With loves, and hates
And passions just like mine
They were born
And then they lived
And then they died
It seems so unfair
I want to cry

You say : "'Ere thrice the sun done salutation to the dawn"
And you claim these words as your own
But I've read well, and I've heard them said
A hundred times (maybe less, maybe more)
If you must write prose/poems
The words you use should be your own
Don't plagiarise or take "on loan"
'Cause there's always someone, somewhere
With a big nose, who knows
And who trips you up and laughs
When you fall
Who'll trip you up and laugh
When you fall

You say : "'Ere long done do does did"
Words which could only be your own
And then produce the text
From whence was ripped
(Some dizzy whore, 1804)

A dreaded sunny day
So let's go where we're happy
And I meet you at the cemetry gates
Oh, Keats and Yeats are on your side
A dreaded sunny day
So let's go where we're wanted
And I meet you at the cemetry gates
Keats and Yeats are on your side
But you lose
'Cause weird lover Wilde is on mine

Words by Morrissey



 
Mais tarde ouvimos esta canção e “I Know It´s Over”.
Fazia tempo que não ouvia ambas.
“The Queen is Dead” é um dos melhores discos já lançados e “I Know It´s Over” é, sem a menor dúvida, uma das mais lindas canções já escritas. Impossível destacar um trecho em particular.
O disco também tem “There is a Light That Never Goes Out”, outra das mais belas canções já criadas. Aliás, anos atrás, a revista Spin perguntou a Thom Yorke:
"What Lyrics Do You Wish You Had Written"?.
Yorke: "If a double-decker bus crashes into us, to die by your side is such a heavenly way to die/ And if a ten-ton truck kills the both of us, to die by your side, well, the pleasure, the privilege is mine".


 
Ontem, no bar, olhando as fotos na parede, feitas pelo menos 30 (40?) anos atrás, naquele mesmo lugar, me senti ... triste (?) ao pensar que algumas (várias? todas?) das pessoas que apareciam nelas já não estão mais neste mundo. Expressões felizes nos rostos de fantasmas tomando cerveja. Claro que também pensei se, dentro de algumas décadas minha imagem não estará sendo vista naquela mesma parede por alguém que terá o mesmo tipo de sentimento. Ou não. E como tudo é motivo pra lembrar de letra de música... inevitável pensar em “Cemetry Gates” (The Smiths): “A dreaded sunny day/ So I meet you at the cemetry gates /Keats and Yeats are on your side/ While Wilde is on mine/So we go inside and we gravely read the stones/ All those people, all those lives/ Where are they now ? / With loves, and hates / And passions just like mine/ They were born And then they lived And then they died/ It seems so unfair/ I want to cry "




 
Repórter do SP TV (Rede Globo):
-Os resultados do segundo turno deverão ser conhecidos (...) no máximo, nas primeiras horas da segunda-feira. Mas, antes de saber os resultados, os eleitores terão que votar.
Não me diga!!! Estou transtornado com essa revelação!!!


 
Faltam 2 dias.


quinta-feira, outubro 24, 2002
 
Shadowplay

To the centre of the city where all roads meet, waiting for you
To the depths of the ocean where all hopes sank, searching for you
I was moving through the silence without motion, waiting for you
In a room with a window in the corner I found truth

In the shadowplay, acting out your own death, knowing no more
As the assassins all grouped in four lines, dancing on the floor
And with cold steel, odour on their bodies made a move to connect
But I could only stare in disbelief as the crowds all left

I did everything, everything I wanted to
I let them use you for their own ends
To the centre of the city in the night, waiting for you
To the centre of the city in the night, waiting for you.

Words by Joy Division


 
Tempos atrás, pensando em minhas dificuldades financeiras, na minha falta de vontade de voltar pra casa e na carga de trabalho, fiz uma proposta para minha chefe: eu poderia morar aqui, na sala do diretor 1. Ficaria trabalhando até um certo horário e depois utilizaria a internet, veria filmes na Sky, tomaria cerveja. O problema seria a higiene pessoal. Mas eu poderia tomar banho cada dia na casa de um de meus colegas de trabalho. Ela riu de mim, não entendi porque.


 
Acabo de ver os videos de "Shadowplay" e "Atmosphere". Que maravilha. Nessas horas penso que, OK, life sentence até que tem suas comodidades, ainda mais considerando que meu computador está morrendo e por isso não tenho conseguido acessar a internet em casa. E lembro de meu amigo DJ Zaratruta, que vinha ao trabalho apenas pra usar a internet, fazer seus contatos com o EZLN, fazer download de milhares de músicas, preparar panfletos e zines pra distribuir antes de shows e etc....


 
"There's something wrong with that boy..." noted William Burroughs when, in 1993, Kurt Cobain dropped in to pay his respects in Lawrence, Kansas. 'He frowns for no good reason.' "
From "Rock's last great star".



 
Lula acaba de citar uma letra dos Titãs no horário eleitoral. Por todos os deuses!


 
Quem sabe eu volte pra casa domingo. Ou segunda-feira.


 
Faltam 3 dias.


quarta-feira, outubro 23, 2002

 
Para Viviane

London

I wander through these chartered streets
near where the chartered Thames does flow
and mark in every face I meet
marks of weakness, marks of woe

in every cry of every man
in every infant's cry of fear
in every voice, in every ban
the mind-forged manacles I hear

how the chimney-sweeper's cry
every blackening church appals
and the hapless soldier's sigh
runs in blood down palace walls

but most, through midnight streets I hear
how the youthful harlot's curse
blasts the new-born infant's tear
and blights with plagues the marriage hearse.

I wander through each chartered street
near where the chartered Thames does flow
and mark in every face I meet
marks of weakness, marks of woe


Words written by William Blake [1757 - 1827]
Listen to the song by Sparklehorse



 
Mais uma tarde inútil no no Pavilhão 5. No response, all the time.


terça-feira, outubro 22, 2002

 
Logo mais no Jornal Nacional: 65 X 35. Nada de novo sob o sol. Felizmente.


 
Fizemos uma visita ao Pavilhão 2. Levamos fotos, tomamos café, vimos Célio Silva. Senti saudades de quando eu me divertia aqui.


 
E faltam cinco (5!!!) dias.


 
It´s only tuesday.


 
Are you alive or are you dead?


 
Six Days

DJ Shadow

At the starting of the week
At summit talks you'll hear them speak
It's only Monday
Negotiations breaking down
See those leaders start to frown
It's sword and gun day

Tomorrow never comes until it's too late

You could be sitting taking lunch
The news will hit you like a punch
It's only Tuesday
You never thought we'd go to war
After all the things we saw
It's April Fools' day

Tomorrow never comes until it's too late
Tomorrow never comes until it's too late

You hear a whistling overhead
Are you alive or are you dead?
It's only Thursday
You feel a shaking on the ground
A billion candles burn around
Is it your birthday?

Tomorrow never comes until it's too late
Tomorrow never comes until it's too late
Make tomorrow come I think it's too late


 
Noite dessas um cara que se dizia cozinheiro do lugar puxou conversa comigo no bar. Reclamou da longa viagem que faria até algum lugar que fica na região de Santo Amaro, quase três horas até lá. Ontem ele estava de novo no bar, tentando conversar com outras pessoas e bebendo alguma coisa que parecia conhaque. Isso deve ser alguma espécie de presságio. Nunca está tão ruim que não possa piorar, essa é A lição que aprendi nesse annus horribilis de 2002.


 
Hoje fui, depois de muito tempo, almoçar no refeitório da empresa. O horror, o horror. Um arroz tingido de amarelo por alguma substância desconhecida, com alguns vestígios de ervilhas e outras partículas não identificadas. Verduras igualmente não identificadas mais ou menos trituradas. Beterraba. Melancia. Um refresco imitação de (?) guaraná. O filé de frango parecia feito de plástico. Olhei para as outras pessoas, reconheci alguns rostos. Imaginei que alguns deles devem comer ali todo dia. Eles aguentam. Eu posso suportar. Não posso?


segunda-feira, outubro 21, 2002
 
E não é que o novo disco do DJ Shadow, "The Private Press", saiu no Brasil? Eu pensei que tinha sido vítima de uma alucinação ao vê-lo na vitrine da Velvet com um adesivo em português. Tem até no site da Siciliano!


 
...this is the day in the life of a Geezer ...

My underground train runs from Milend to Ealing
From Brixton to Boundsgreen
My spittin's dirty
My beats are clean
Smoke weed and be lean




 
Bianca Jhordão entrevista Rogério Skylab na Zero # 3; bizarro.

Bianca: Qual sua fantasia sexual mais bizarra?
Skylab: Puta que pariu, hein? Eu fantasio pra caralho. Não é que tenha constrangimento em dizer, mas é que já tive tudo que se possa imaginar.
Bianca: E o que te excita?
Skylab: No meu disco eu quis colocar um pouco de pedofilia. Uma das minhas fantasias bizarras é a pedofilia, sem dúvida. Vozes de crianças falando, com bastante sensualidade.
Bianca: Mudando radicalmente de assunto, o que você gosta de comer?
Skylab: Carne. Não tenho nenhuma relação com os vegetarianos, macrobióticos, nada disso.

Baby beef, por certo.



sexta-feira, outubro 18, 2002
 
Os embalos do escravo, sexta-feira à noite:

ROCK YOUR BABY

GEORGE MCRAE

Woman, take me in your arms
Rock your baby
Woman, take me in your arms
Rock your baby

There's nothin' to it
Just say you wanna do it
Open up your heart
And let the lovin' start

Woman, take me in your arms
Rock your baby
Woman, take me in your arms
Rock your baby

Yeah, hold me tight
With all your might
Now let your lovin' flow
Real sweet and slow

Woman, take me in your arms
Rock your baby
Woman, take me in your arms
Rock your baby

C'mon...
Ahhhh...

Woman, take me in your arms
Rock your baby
Oo, oo, oo
Woman, take me in your arms
Rock your baby

Ah-aaaaaah, yeah,
Take me in your arms and rock me
Ah-aaaaaah, yeah,
Take me in your arms and rock me
Ah-aaaaaah-aaaaaah




 
you bloody useless creep, there´s a lot of things that need to be done.
(but who the fuck gives a damn?)


 
datilografar, datilografar, datilografar. AGORA!!!


 
S.O.S.
(same old shit)


 
1. 2x (desconhecido)
2. 3x (desconhecido)
3. 2x (mosteiro)

duh, such a busy day till now. come, collapse, please come.


 
You held the world in your arms

Maybe you’re young without youth
Or maybe you’re old without knowing anything true
I think you’re young without youth


(...)

Constantly searching to find something new
But what will you find when you think that nothing’s true?



 
Encontrei Jair Marcos, por acaso, hoje.

nada a ver
nada especial
nada a falar
nada a fazer
não responder
não perguntar


 
i always thought
that if i held you tightly
you would always love me
like you did back then
then i fell asleep
and the city kept blinkin'
what was i thinkin'
when i let you back in




 
I don´t believe in magic anymore.

(sure?)


 
Comprei fones de ouvido da marca Soneca de um camelô na Praça da República. Cinco real. Quanto tempo vão durar?



 
Ontem presenciei cenas que me lembraram o (?) artista plástico Jackson Pollock.

He said: "The painting has a life of its own. I try to let it come through.''

Foi algo mais ou menos assim. Pena que foi na parede de Mama. E ela não gostou.



 
Acho que vou aderir à campanha: No more AOL cds!

10/18/2002 01:09:00 PM
 
Sábias "diretrizes", por Contardo Calligaris:

"Você pode escolher entre ficar em casa ou pegar a estrada e, sem dúvida, faz e fará um pouco dos dois. Mas, quando estiver em casa, tente não sonhar com a estrada e, quando estiver na estrada, tente não lamentar o calor do lar. Vivemos de sonhos e de nostalgias: é necessário cuidar para que essa alternância não nos mantenha constantemente afastados do momento presente".

"Qual é a melhor viagem: visitar as capitais européias num "tour" de 15 dias ou passar duas semanas numa cidade só e conhecê-la um pouco? É mais interessante manter um casamento complicado do que multiplicar as ou os amantes. O mesmo vale para os amigos e relações em geral".

"Uma vez por semana, durante uma hora, sente-se numa esquina de sua cidade e contemple os passantes. Tente imaginar a variedade das vidas, a dignidade de todas. Se você tem filhos, faça o exercício duas vezes por semana: será de grande ajuda para aceitar que a vida deles vale a pena, mesmo se não corresponde em nada aos seus sonhos".

Texto completo aqui.




quinta-feira, outubro 17, 2002

 
heaven is never enough
heaven is never enough
heaven is never enough


 
again and again and again

she passed away

it’s in the way that she was
heaven is never enough
she puts the waste in my heart
she puts the she puts the waste into my little heart


 
Ouvindo obsessivamente:

Obstacle 1

Interpol

I wish I could eat the salt off of your faded lips
we could cap the old times make believing only logical harm
we could cap the old lines make believing that nothing else will change
well she can read she can read she can read she can read she's bad
she can read she can read she can read she's bad
oh she's bad

but it’s different now that I’m poor and ageing I’ll never see this face again you'll go stabbing yourself in the neck

we could find new ways of living make believing only logical harm
we could talk the old times play making and nothing else will change
but she can read she can read she can read she can read she's bad
she can read she can read she can read she's bad
oh she's bad

it's different now that I’m poor and ageing I’ll never see this place again you'll go stabbing yourself in the neck
but it's different now that I’m poor and ageing I’ll never see this place again you'll go stabbing yourself in the neck

it's in the way that she poses
it's in the things that she puts in my hair
her stories are boring and stuff
she’s always calling my bluff
she puts the she puts the waste into my little heart
and she gets in my room and she takes it apart
she puts the waste into my little heart
I say she puts the waste into my little heart

she passed away

it’s in the way that she was
heaven is never enough
she puts the waste in my heart
she puts the she puts the waste into my little heart

words written by interpol


quarta-feira, outubro 16, 2002

 
Hail Hail

Is there room for both of us? Both of us apart?
Are we bound out of obligation? Is that all we've got?
I get the words and then I get to thinking.
I don't want to think, I want to feel.
And how do I feel? How do I...

If you're the only one will I never be enough?
Hail hail the lucky ones, I refer to those in love.
I swore I'd love you 'til the day I die...and beyond.
Are we going to the same place? If so, can I come?
It's egg rolling thick and heavy. All the past we carry.
I could be new. You underestimate me.

If you're the only one will I never be enough?
Hail hail the lucky ones, I refer to those in love.

I sometimes realize I could only be as good as you'll let me.
Are you woman enough to be my man? Bandaged hand in hand.

Like I'm the only one in a race that can't be won.
All hail the lucky ones, I refer to those in love. Yeah.
If you're my only one...so good, you only one.
I want to be your one. Enough...you won...your one...your one.

words written by Pearl Jam


 
Falando em discos que fazia muito tempo que eu não ouvia... no final de semana ouvi No Code, do Pearl Jam. Algumas músicas, repetidas vezes, como "Present Tense" e "Hail Hail". Não lembrava como é bom.



 
Aliás, a mensagem desse amigo me lembrou de Foo Fighters, banda da qual ele gosta tanto. No final de semana passado a MTV exibiu um especial sobre a banda, e pude vê-los tocando uma das minhas músicas favoritas (provavelmente escrita para Kurt Cobain).

MY HERO

Too alarming now to talk about
take your pictures down and shake it out
truth or consequence say it aloud
use that evidence race it around

There goes my hero
watch him as he goes
There goes my hero
he's ordinary

Don't the best of them bleed it out
While the rest of them peter out

Kudos my hero leaving all the best
You know my hero the one thats on

words written by Foo Fighters/Dave Grohl



 
Um amigo que mora em Sydney me escreveu falando de alguns shows que aconteceram e vão acontecer por lá. Entre outras coisas, Rocket from the Crypt, Mogwai e And You Will Know Us By the Trail of Dead, (Internacional) Noise Conspiracy, esta semana.
Sem contar um festival, em Melbourne (dia 19) e Sydney (dia 20), no qual vão tocar, além dos já citados Rocket from the Crypt, Mogwai e Trail of Dead, Oasis, Morrissey, Mercury Rev e The Streets.
E em janeiro de 2003 acontece o The Big Day Out, com, entre outros, Foo Fighters, Kraftwerk, Queens of The Stone Age, Wilco, PJ Harvey e The Vines.
E aqui, o que temos? Melhor nem pensar.
(Ah, tem Afroreggae, hoje no Blen Blen Club).
Inveja.


terça-feira, outubro 15, 2002
 
"Eu quero matar você", ela gritou em seu telefone móvel, andando como uma possessa no Largo do Arouche. E lá foi ela, gritando e gesticulando. Nessas horas lembro desse pessoal simpático, with an "anti mobile phone sentiment". E sinto vontade de seguir o exemplo. Mas passa logo.


 
Ah, madrugadas.


 
-21%.
-???
-A taxa de juros.
-.


 
Faltam 12 dias.


segunda-feira, outubro 14, 2002
 
e da série "mais uma preciosidade encontrada durante as escavações do sítio arqueológico lá de casa"; gênio!

“Radiohead ticket to fame was a song called “Creep”. It became a worldwide hit in 1993, when grunge rock was at its height. The lyrics spelled out the self-lacerating rage of an unsuccessful crush: ‘You’re so fucking special/ I wish I was special/ But I’m a creep’. The music was modelled on Pixies songs like ‘Where is my mind’: stately arpeggios, then an electric squall. What set ‘Creep’apart from the grunge of the early nineties was the grandeur of its chords – in particular, its regal turn from G major to B major. No matter how many times you hear the song, the second chord still sails beautifully out of the blue. The lyrics may be saying, ‘I’m a Creep’, but the music is saying, ‘I am majestic’. The sense of coiled power is increased by several horrible stabs of noise on Jonny Greenwood’s guitar. (...) When Beavis of ‘Beavis and Butthead’heard the noisy part, he said ‘Rock!’ But why, he wondered, didn’t the song rock from beggining to end? ‘If they didn’t have, like a part of the song that sucked, then, it’s like, the other part wouldn’t be as cool’ Butthead explained.
‘Creep’, as Butthead must have noticed, was the first of many Radiohead songs that used pivot tones, in which one note of a chord is held until a new chored is formed around it. (In the turn from
G to B, the note B is the pivot point.). ‘Yeah, that’s my only trick’, Yorke said, when this was pointed out to him. ‘I’ve got only one trick and that’s it, and I’m really going to have to learn a new one. Pedals, banging away through everything’”.

“The searchers”, by Alex Ross, The New Yorker, aug 20 & 27,2001


 
e logo depois encontrei esse trecho de música enviado por outra amiga:

"ai que ninguém volta
ao que já deixou
ninguém larga a grande roda
ninguém sabe onde é que andou"

(madredeus)


 
logo após reler essas cartas encontrei um poema do Carlos Drummond de Andrade, enviado por uma amiga:

Residuo

"de tudo ficou um pouco
do meu medo. do teu asco.

...

oh abre os vidros da loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória"


 
ontem finalmente tive coragem de reler as cartas dela.

ela ia direto ao ponto:

SP, 18/07/95
"meu pobre amigo carente e destituído de autoestima"...

(...)

“...trate de ganhar sua auto-estima. vou começar a cobrar caro por te paparicar. embora você negue, você merece”.

para minha surpresa encontrei uma carta que escrevi e não enviei, datada de 5 de fevereiro de 1995.
no final da carta eu, pra variar, fiz uma citação. o curioso é que se trata de um texto do qual eu lembro sempre, e que andei procurando (sem sucesso), pois não lembro de que livro ele é. tive vontade recentemente de mandar pra algumas pessosas. pra todo mundo. não imaginava que tivesse enviado isso justamente pra ela, nem o porquê. mas, é isso:

“procure, insiste, fique virando em roda de sua vida, como um cão em roda da cadeira de seu dono. conheça seu próprio osso; roa-o, enterre-o, desenterre-o e roa-o de novo... naquilo que lhe interessa muito, não pense que tem companheiros: saiba que está sozinho no mundo”. henry david thoreau

(na carta eu grifei o trecho que agora coloquei em negrito com caneta vermelha)

sozinho.

carta postada em 20.06.1997:

“continuo adorando escrever para você. o email é mais rápido, mas é mais frio. no computador a gente conserta erros. aqui no papel não, é tudo mais vivo”.

como sinto falta desse papel no qual tudo era mais vivo.




 
“Eles eram duros (de grana), toscos (na forma), mas eram muito mais modernos, sintonizados e ativos que nós, passivos diante da insatisfação com a militância e com o cenário cultural. Até dava um pouco de vergonha: eles tinham sido capazes de inventar sua música, sua diversão, sua forma de resistir culturalmente, enquanto nós, bundões, só reclamávamos e fazíamos cara feia” .

Bia Abramo


 
Restos de nada

Nós somos a verdade do mundo
Somos restos de nada
Vivemos como ratos de esgoto
Entre o lixo de tudo
À noite nós vagamos por aí
Para ver o que resta de vocês
Cuidado se você estiver só
E encontrar com um de nós
Nós não gostamos de nada
Porque não há mais nada do que gostar
Somos apenas lobos solitários
E o nosso uivo é o Rock ’ n’ Roll
E ao amanhecer, voltamos de onde viemos
Para novamente esperar a noite nascer.

palavras de Restos de Nada


sexta-feira, outubro 11, 2002
 
Office Space

Peter Gibbons: So I was sitting in my cubicle today, and I realized, ever since I started working, every single day of my life has been worse than the day before it. So that means that every single day that you see me, that’s on the worst day of my life.
Therapist: What about today? Is today the worst day of your life?
Peter Gibbons: Yeah.
Therapist: Wow, that’s messed up!


 
Hora de tentar trabalhar um pouco.





 
Um poodle em nosso caminho. Um poodle no logotipo da loja. Um poodle na janela do apartamento.
O horror, o horror.


 
Rua da Consolação, 09h00, 31ºC, dentro do ônibus para a Praça Ramos. Ele canta, fala sozinho, batuca, masca chiclete (esqueci alguma coisa?), tudo ao mesmo tempo. Um prodígio.


quinta-feira, outubro 10, 2002

 
Eu estava no balcão do bar tomando minha Kaiser Bock e lendo O Globo quando esse senhor sentou ao meu lado.
Puxou conversa, falando sobre uma das notícias.
A princípio não dei muita atenção, e tive o mesmo tipo de reação que tenho quando algum chato/bêbado fala comigo em situações como essa. Mas me chamou a atenção o fato dele, que parecia ter mais de 60 anos, dizer que não lia mais jornal, que tinha lido a notícia na internet. A partir daí se estabeleceu uma conversa estranha.
Ele disse que tinha começado a trabalhar às 04h00 da manhã. Que tinha traduzido um número x de emails. Aproveitando pra dizer que fala quatro línguas. Outra coisa que me chamou a atenção.
Pensei que ele era tradutor, disse algo assim: “então o senhor é tradutor, de profissão”?
Perguntei que línguas ele falava, “além do inglês, é claro”. Ele afirma falar inglês, alemão, espanhol, francês, e o que mais mesmo? Ah , português.
Começou a falar sobre sua vida, num jorro contínuo, me olhando com olhos tristes.
Disse que é dono da empresa na qual trabalha (pelo que entendi se trata de uma corretora ou algo assim). E que estava cansado. Repetiu isso, “estou cansado” algumas vezes. Que queria ir embora. Mas que não podia. Porque era o “alicerce” da empresa.
Outra pessoa que, imagino, seja um sócio dele, teve problemas cardíacos. Ele, felizmente, nunca teve esse tipo de problema. Então ele agüenta.
Disse também que tinha muito dinheiro. Repetiu isso diversas vezes.
E falou mais sobre a vida dele.
Em poucos minutos estava dizendo “por que estou lhe contando isso, eu nem te conheço”, mas continuou falando, sobre a família, sobre os filhos, sobre quanto ganham, sobre a “primeira mulher”.
Foi realmente triste ouvi-lo falar a respeito dela: morta em um acidente estúpido. Uma das piores tragédias da vida dele.
Disse repetidas vezes que queria ir embora. Pro Canadá, pra Austrália. Mas que a mulher dele não concordava.
Disse que tinha tanto dinheiro que não sabia o que fazer com ele. E que um de seus filhos tinha dez vezes mais dinheiro do que ele.
Disse que estava à espera do motorista, com quem tinha combinado encontro às 16h00.
Pediu uma Kaiser Bock.
Em alguns momentos fiquei em dúvida se aquilo tudo era real. Pelo menos ele se vestia de maneira bem simples.
Quando pretendia pagar minhas três latinhas de Kaiser Bock (R$ 4,50), com uma nota de R$ 5,00, ele pegou a nota da minha mão no momento exato em que a entregaria ao funcionário do bar. Ele me devolveu a nota e disse que pagaria.
O funcionário disse algo como “ele é gente boa”.
Fiquei meio constrangido mas não tinha como negar a oferta.
Nos despedimos.
Foi ele quem mais falou. Parecia precisar falar, muito. Me identifiquei com ele, principalmente quando disse, repetidas vezes, “quero ir embora”.
Se bem me lembro ele tem 68 anos. E quer ir embora.
(Ele disse ter morado quatro anos no exterior. O pai dele foi cônsul. Ele perdeu alguma oportunidade na vida. Falou mal dos ingleses, que “bebem muito mais do que nós”. Aliás comparou as minhas três latas com a lata solitária dele).
Eu também quero ir embora. Será que, se estiver vivo quando tiver a idade dele, ainda não terei ido e continuarei dizendo pra mim mesmo “quero ir embora daqui”? Talvez falando com desconhecidos no bar, repetindo “quero ir embora”? Lembrando as perdas ao longo da vida e repetindo “quero ir embora”? Estarei ainda aqui, embora eu não seja o “alicerce de coisa alguma”, como ele?



 
Hoje tem uma entrevista com Scott Adams, criador do Dilbert, no jornal Valor Econômico. Infelizmente a versão online só é liberada para assinantes. E eu ainda preenchi um cadastro imenso para acessar o site, na esperança de que a entrevista fosse uma das áreas liberadas para usuários cadastrados. Mas não é. Enfim... entre outras coisas Adams diz: "Patrão bom é aquele que morre na quinta-feira para prolongar o fim-de-semana. O mal é o que viaja pouco e está sempre no escritório, dando ordens inúteis e ganhando muito". E, em um trecho do livro "Princípio Dilbert", citado pelo jornal: "As pessoas mais incompetentes são sempre identificadas pelos donos das empresas e colocadas no gerenciamento, pois não vale a pena desperdiçar gente de talento nesses cargos, que consistem em comer rosquinhas e convocar reuniões sem sentido". Perfeito.




 
Faltam 17 dias.


 
...
- Sabe a Daniela, aquela amiga que mora lá em casa?
- O tio Paulinho também vem na festa?
- O tio Paulinho morreu...
...
(Daniela, herself, by email)



quarta-feira, outubro 09, 2002
 
Esse caderno "Informática" da Folha de S. Paulo me dá arrepios. Na Primeira Página do jornal, hoje: "Comunique-se pela internet". Duh!


 
Acho que nao estou acostumado com o sentimento de felicidade mesmo. Por isso estou me sentindo meio estranho hoje. Estranhamente bem, estranhamente melhor a cada dia. Ouch.


terça-feira, outubro 08, 2002

 
Números, números, números.


 
"if you see me getting high
knock me down"


 
Alguém que usa Mac visitou este site. Obrigado.


segunda-feira, outubro 07, 2002
 
Lindo:

"A semana seguinte ao acidente fora um labirinto de dor e fantasias insanas. Depois dos lugares-comuns da vida cotidiana, com seus dramas abafados, toda a minha habilidade orgânica de lidar com as lesões físicas se encontrava há muito embotada ou esquecida. O desastre era a única experiência real que eu tivera em anos. Pela primeira vez, eu estava numa confrontação física com meu próprio corpo, uma enciclopédia inesgotável de dores e descargas, sob o olhar hostil de outras pessoas, e com o fato de um homem morto. Depois do interminável bombardeio de avisos de segurança na estrada, foi quase um alívio me descobrir num acidente de verdade. Como todo mundo assediado por essas exortações em cartazes e pelos filmes de desastres imaginários na televisão eu experimentava um vago senso de apreensão por saber que o clímax macabro de minha vida vinha sendo ensaiado com anos de antecedência e ocorreria em alguma estrada ou cruzamento conhecido apenas dos produtores desses filmes. Houve ocasiões em que até especulei sobre o tipo de acidente de tráfego em que morreria".

J.G. Ballard, "Crash" (tradução de Pinheiro de Lemos)


 
E acabo de saber que não dá pra saber quando terei folga. Depois do dia 27, quem sabe. Inútil perguntar sobre os dez dias de férias que me devem. Ah, talvez depois do dia 27 me dêem uma folga para todo o sempre. É algo a respeito do qual devo pensar. Até lá serão dias e dias trabalhando até, no mínimo, 22h30. Algumas madrugadas. Incluindo sábados e domingos. O trabalho liberta.


 
A reminder

If I get old
I will not give in
But if I do
Remind me of this

Remind me that
Once I was free
Once I was cool
Once I was me

And if I sat down and crossed my arms
Hold me until this song

Knock me out
Smash out my brains
If I take the chair and start to talk shit

If I get old remind me of this
That night we kissed and I really meant it
Whatever happens if we're still speaking
Pick up the phone
Play me this song

words written by radiohead


 
Eu acho que estou mesmo me sentindo vivo. Medo (medo? sem essa).


 
Então vamos à missão, parte 2, infelizmente.


sábado, outubro 05, 2002
 
missão cumprida.
(parte 1 de 2).



 
Peraí, acreditava sim. I believe in you, I´ve got no bounds. Things have never been so swell .Ha. No kidding. Gotta get outta darkness.


 
Uma certa felicidade. E eu nem acreditava mais.


sexta-feira, outubro 04, 2002
 
Autobahn 66

Dreaming
I´m still dreaming
Dreaming my life
Til the day that I die
Dreaming my life
Til the day that I die

Seeing
Always seeing
Colours so beautiful
Softer than sin
Colours so beautiful
Softer than sin


 
I can feel the evil heat.



 
I gotta get outta darkness.


 
Você falou em flores amarelas pra celebrar a primavera e etc.. Lá em casa elas morreriam. Então... servem essas?



 
Movin´ On Up

I was blind, now I can see
You made a believer, out of me
I was blind, now I can see
You made a believer, out of me

I'm movin' on up now
Gettin' out of the darkness
My light shines on
My light shines on
My light shines on

I was lost, now I'm found
I believe in you, I've got no bounds
I was lost, now I'm found
I believe in you, I got no bounds

I'm movin' on up now
Gettin' out of the darkness
My light shines on
My light shines on
My light shines on

I'm getting outta darkness
My light shines on
I'm getting outta darkness
My light shines on



 
-Tão bom...
-TÃO BOM...


quinta-feira, outubro 03, 2002
 
Será que o resumo do UOL também é "premium"?




 
Ah, ainda há pessoas que valem a pena nesse mundo, eu tenho certeza.


 
Tem uma entrevista ótima com o Bruce Sterling na Play # 5. Pensei que ela estaria no site da revista mas não está...
Pergunta: Você acredita que os termos atuais da Organização Mundial do Comércio são justos e honestos?
Sterling: Veja, se "honestidade" e "justiça" fossem valores fundamentais, o "comércio" nem existiria. As pessoas comercializam porque percebem um sentido inato de desigualdade entre os bens, recursos e serviços. Se você quiser criar essa organização, vá em frente. Veja se alguém liga.
(...)
Pergunta: Existe alguma maneira de sair do aperto de instituições globais como o FMI ou o Banco Mundial?
Sterling: Claro que sim! Você descola algumas armas nucleares, como a Índia fez. Então, todos ficam com medo e você ganha uma puta vantagem. É claro que as chances de você ser horrivelmente bombardeado aumentarão drasticamente.


 
Ela, que me estimulou muito a criar esse weblog, entre outras coisas, me convenceu com a idéia de que poderia funcionar como uma "terapia".
Não tenho sido nada confessional, não tenho escrito nada de interessante (ser interessante dá muito trabalho mesmo, Chinaski), é óbvio, tenho recorrido demasiadamente às palavras de outras pessoas, mas devo admitir que isso está funcionando, sim, de certa forma, como uma terapia. Que coisa estranha.


 
Uma amiga disse, brincando, que, por causa do trabalho, eu provavelmente só voltaria pra casa no domingo. Pensando bem ela tem razão. Mesmo que eu deixe o pavilhão no qual me encontro por algumas horas a cada dia, estarei imerso no trabalho, de uma forma ou de outra, ininterruptamente, nos próximos dias. Gostaria de poder dormir hoje e só acordar domingo à noite ou, melhor, segunda-feira de manhã, como sugere o Carlos Heitor Cony nesse ótimo texto. Mas não vai ser possível. Então, OK.


 
Ontem não bebi uma gota de álcool sequer, pela primeira vez em dias. Dormi mais de seis horas, sem acordar durante a madrugada. Diria que tive uma boa noite de sono. Tenho sentido fome. Vontade de fazer coisas. Desejo. Daqui a pouco vou acabar me sentindo vivo. Medo. Sim, estou doente.


quarta-feira, outubro 02, 2002


 
"Na tentativa de se exaurir, Vaughan idealizou um terrível almanaque de desastres de carro imaginários e ferimentos insanos - os pulmões de homens idosos perfurados por maçanetas de porta, os peitos de jovens mulheres empalados em colunas de direção, os rostos de jovens bonitos retalhados pelos cromados do quebra-vento. Para ele, esses ferimentos representavam as chaves para uma nova sexualidade, nascida de uma tecnologia pervertida. As imagens de tais ferimentos se encontravam penduradas na galeria de sua mente, como uma exposição no museu de um matadouro". J.G. Ballard, Crash (tradução de Pinheiro de Lemos).


 
Ontem, ao chegar em casa, devorei um imenso prato de comida. Hoje pela manhã tomei leite, comi um pão inteirinho (inteiro!), preparei café. E ainda comi bolo de chocolate sentindo prazer (PRAZER!). Acho que estou doente.


 
I MIGHT BE WRONG

I might be wrong
I might be wrong
I could have sworn
I saw a light coming on

I used to think
I used to think
There is no future left at all
I used to think

Open up, begin again
Let's go down the waterfall
Think about the good times
Never look back
Never look back
What would I do?
What would I do?
If I did not have you..

Open up and let me in
Let's go down the waterfall
Have ourselves a good time
It's nothing at all
Nothing at all
Nothing at all


 
Guess you were not right at all. My future is NOT all used up.


 
Estive pensando sobre aquela sensação de que algumas coisas aconteceram em "outra vida". Há muitas lembranças que me fazem sentir assim. Há pesssoas que parecem ter feito parte de uma "outra vida", também (outras vezes penso se não se tratam de lembranças "implantadas" no meu cérebro, como aconteceu com meu chefe, que pensa que é humano, pobre criatura. Do androids dream of eletric sheep?). Espero que, em breve, eu me lembre de certos momentos que vivi nos últimos tempos como se fossem parte de uma "outra vida", também. Espero viver uma outra vida, longe daqui, de alguma maneira.


terça-feira, outubro 01, 2002
 
Achei um trecho da Teogonia, de Hesíodo, que menciona o Tártaro. Pelo jeito anotei direitinho o que o professor disse. Bom aluno.


 
Vasculhando o sítio arqueológico lá de casa achei um caderno que utilizei quando frequentava a ilha da fantasia localizada no Butantã (aliás quando penso nisso parece que foi em outra vida). Nele, anotações de um dos melhores cursos que fiz enquanto estive por lá. O nome do professor era Francisco, mas não lembro seu sobrenome. Ao ler essas anotações descobri onde me encontro nesse ano horrível da minha vida. Estou no Tártaro (o que segue é a transcrição literal de minhas anotações. É difícil acreditar que eu anotava tanta coisa...): "inverso ou reverso de Terra. Um vasto abismo, onde nem ao termo de um ano atingiria o solo quem lá adentrasse. Lugar onde a única possibilidade é a pura QUEDA, cega e sem fim. Sem direção, pois quem cai é levado ora para um lado, ora para outro". Além disso o Tártaro é descrito como "um lugar nevoento, região bolorenta, sede e morada da noite trevosa. o duplo especular negativo de céu". Por Zeus, é aí que me encontro!


 
"Nesse mundo toma-se a pessoa pelo que ela aparenta, porém ela tem de aparentar alguma coisa. Suportam-se melhor as pessoas incômodas do que as insignificantes". Johann Wolfgang von Goethe